DÉCIMA PARTE
Capítulo 45
DOENÇAS DA ALMA
O ser psicológico é o perfeito
reflexo da sua realidade plena. Sendo Espírito imortal, conduz o seu patrimônio
evolutivo — resultado das experiências ancestrais — que se encarrega de modelar
os conteúdos delicados da sua personalidade, elaborando processos de harmonia
ou desequilíbrio que resultam dos condicionamentos armazenados no psiquismo
profundo. Arquiteto da própria vida, em cada realização elabora, conscientemente
ou não, os moldes que se lhe constituirão mecanismos hábeis para a movimentação
nos novos investimentos. Elaborado pela energia inteligente, que o torna
especial no complexo campo das vibrações que se agita no Universo, o
direcionamento que resulte da arte e ciência de pensar responderá pela formação
das estruturas psicológicas e físicas, psíquicas e orgânicas com as quais se
haverá nos empreendimentos futuros. Conforme pensa, constrói os delicados e
sutis implementos que se transformarão em força atuante no mundo das formas. Ao
mesmo tempo, exterioriza ondas específicas que se imprimem nos painéis mentais,
aí insculpindo os processos psíquicos que comandarão as futuras atividades. Em
razão disso, quando as elaborações mentais não possuem carga superior de
energia, elaborando imagens perniciosas e inferiores, plasmam-se nos refolhos
íntimos as estruturas que irão delinear a conduta, ensejando harmonia ou
abrindo espaço para a instalação de psicopatologias variadas, que se imprimirão
nas engrenagens do conglomerado genético, definidor, de certo modo, graças ao períspirito,
da futura estrutura do indivíduo. As enfermidades da alma, portanto, procedem
de condutas atuais como de anteriores, a que se permitiu o Espírito,
engendrando as emanações morbíficas, que ora se convertem em distúrbio de
natureza complexa, e que passam a exigir terapia conveniente quão cuidadosa. O
ser jamais se evade de si mesmo, do Eu interior, que sobrevive à decomposição
cadavérica e é responsável por todas as ocorrências existenciais, face à sua
causalidade e à sua destinação, que tem caráter eterno. Assim sendo, é
totalmente decepcionante uma análise do indivíduo somente sob o ponto de vista
orgânico, por mais respeitável seja a Escola de pensamento que se atenha a esse
estudo. A hereditariedade e os implementos psicossociais, socioeconômicos, os
fatores perinatais e outros são insuficientes para abarcar a realidade do ser
humano em toda a sua complexidade. A alma transcende as emanações neuronais,
possuindo uma realidade que resiste à disjunção cerebral e por essa razão,
podendo pensar sem os seus equipamentos supersensíveis, embora esses não
consigam elaborar o pensamento sem a sua presença. Felizmente, a antiga
presunção organicista vem cedendo lugar a concepções mais compatíveis com a
realidade, deixando à margem a imposição acadêmica ancestral, para se firmar no
testemunho dos fatos ine- equívocos da experimentação contemporânea. Nessa
investigação, séria e nobre, em torno do ser tridimensional: Espírito, períspirito
e matéria, se pode encontrar a psicogênese das enfermidades da alma, como
também defrontar as patogêneses que assinalam a criatura humana no seu
transcurso evolutivo. O ser profundo, autor de todos os acontecimentos em sua
volta, é o Espírito, seja qual for o nome que se lhe atribua.
46. MAU HUMOR - Realizando um
périplo que se inicia na forma de princípio inteligente, o Espírito cresce
insculpindo conquistas e desacertos no âmago da sua realidade, definindo
formas, contornos e conteúdos, à medida que avança na esteira multifária da
evolução. Cada etapa se assinala por específica realização que se lhe torna
patamar de sustentação para novo passo, crescendo, a pouco e pouco, no rumo da auto
conquista. O desenvolvimento psicológico ocorre-lhe lentamente, plasmando-se
através das experiências que lhe desabrocham as potências adormecidas e que são
elementos constitutivos da sua realidade transcendental. De acordo com a
iluminação, e o discernimento conseguido, adquire consciência de culpa em decorrência
dos atos praticados, transferindo para os novos cometimentos a necessidade de
recuperação da tranquilidade perdida, que é o recurso hábil para a saúde
integral. O ser essencial é amor, no entanto, no processo de despertamento da
sua potencialidade divina, adquire expressões não legítimas, que passam a
atormentá-lo, já que fazem parte do processo de maturação através de
negatividades, que são o desamor e as máscaras do ego, expressando-se como
pseudo-amor. Face a esses mecanismos, com frequência as insatisfações e
conflitos dão curso a estados desagradáveis de comportamento, que se podem
transformar em enfermidades da alma, ou, em razão de suas raízes profundas no
ser, exteriorizam-se como máscaras do ego, como negatividades, decorrentes dos
desequilíbrios da conduta anterior. O mau humor, que resulta de distúrbios
emocionais profundos ou superficiais, se instala de forma sutil e passa a
constituir uma expressão constante no comportamento do indivíduo. Pode
apresentar-se com caráter transitório ou tornar-se crônico, convertendo-se em
verdadeira doença, que exige tratamento continuado e de longo prazo. Por trazer
as matrizes inseridas nos tecidos sutis da realidade espiritual, transfere-se
do campo psíquico para a organização somática através da hereditariedade, que
responde pela sua fixação profunda, de caráter expiatório. Em casos tão graves,
a terapia psiquiátrica é convocada a auxiliar o paciente, que se lhe deve
entregar com cuidado, ao mesmo tempo alterando o modo de encarar a vida, o
mundo e as pessoas, mediante cujo esforço renovará as paisagens íntimas e
elaborará novos painéis que lhe darão cor e beleza existenciais. Caracteriza-se
o mau humor pela apatia que o indivíduo sente em relação às ocorrências do dia-a-dia,
à dificuldade para divertir-se, aos impedimentos psicológicos de atingir metas
superiores, de bem desempenhar a função sexual, negando-se à mesma ou
atirando-se desordenadamente na busca de satisfações além do limite, mediante
mecanismo de fuga em torno da própria problemática. Torna-se, dessa forma,
pessoa solitária, egoísta, amarga... Tais características podem levar a um
diagnóstico equivocado de depressão, que se caracteriza por alternâncias de
conduta, enquanto que no estado de humor negativo a conduta é qual uma linha
reta, desinteressante, sem emoção, permanecendo constante, enquanto que na
depressão a mesma desce em fase profunda ou ascende, podendo libertar-se com
relativa facilidade. O oposto, o excesso de humor, também expressa disfunção
orgânica, revelando-se em traços da personalidade em forma exagerada de
otimismo que não tem qualquer justificação de conduta normal, já que se torna
uma euforia, responsável pela alteração do senso da realidade. Perde-se, nesse
estado, o contorno do que é real e passa-se ao exagero, tornando-se
irresponsável em relação aos próprios atos, já que tudo entende como de fácil
manejo e definição. Em tal situação, quando irrompe a doença, há uma excitação
que conduz o paciente às compras, à agitação, à insônia, com dificuldades de
concentração. Certamente que um momento de euforia como outro de mau humor
fazem parte do processo de se estar saudável, de comportar-se bem, de
encontrar-se em equilíbrio. A permanência num como noutro comportamento é que
denota o desajuste, a disfunção, a desarmonia emocional. Diante de uma pessoa
mal-humorada, a primeira ideia que ocorre à família ou aos amigos, é a de
proporcionar-lhe divertimento, mudança de clima psicológico, levando-a a
sorrir, tentando gerar situação agradável ou cômica, que se lhe apresenta
perturbadora, insossa, já que não consegue biologica- mente produzir enzimas
propiciadoras do bem-estar. O distímico sente-se pior, em tal circunstância,
formulando um conceito de culpa perturbador, ao sentir-se responsável por estar
preocupando aqueles que o estimam e o cercam, tornando-se lhe o lazer proposto
uma experiência ainda mais traumática. Ante o insucesso, familiares e amigos
recuam e passam à agressão mediante apodos, denominando o enfermo como
preguiçoso, indiferente ao afeto que lhe é direcionado, como se ele pudesse
alterar de um para outro momento o estado de enfermidade. Somente a paciência
familiar e fraternal, o envolvimento afetivo natural, sem exageros momentâneos
nem pseudoterapêuticos, e, concomitantemente a assistência psiquiátrica podem
oferecer os resultados que se desejam, e que são logrados com vagar. A
consciência de culpa ínsita no Espírito impõe-lhe uma conduta mal- humorada,
produzindo organicamente os fenômenos exteriores, que podem ser diluídos
mediante uma alteração na conduta do enfermo, que se deve esforçar, certamente
com muito sacrifício, a fim de recuperar-se dos equívocos, encetando novos
compromissos edificantes, mediante os quais diminuirá a dívida moral, auto
liberando-se do fardo esmagador. Por outro lado, a bioenergia constitui valioso
recurso terapêutico, por agir nos tecidos sutis do períspirito do enfermo,
auxiliando na reconstrução das suas engrenagens específicas, alterando o campo
vibratório, que redundará em modificação expressiva na área neuronal. A
distimia e a euforia são, portanto, doenças da alma, que necessitam de
conveniente estudo e tratamento, por assaltarem um número cada vez maior de
pacientes, vitimados por si mesmos e pelos variados fatores exógenos que a
todos envolvem na atualidade.
47. SUSPEITAS INFUNDADAS - O
indivíduo, assinalado por consciência de culpa decorrente dos atos passados,
que não soube ou não os quis regularizar quando do périplo carnal, renasce
possuído por conflitos que procura ocultar, não conseguindo supera- los no
mundo íntimo. Assim sendo, projeta no comportamento suspeitas infundadas em
relação às pessoas com quem convive, sempre temendo ser identificado pelos
erros, desmascarado e trazido à realidade da reparação. Essa conduta aflige e
corrói os valores morais, trabalhando-o de maneira negativa e perturbadora, de
tal forma que o torna arredio, agressivo e infeliz, levando-o, não poucas
vezes, a situações vexatórias, neuróticas, por encontrar inimigos hipotéticos
em toda parte, assim experimentando o fardo da culpa, que o anatematiza e
procura manter oculta. Toda vez que se encontra no grupo social, e duas ou mais
pessoas dialogam, sorriem ou se tornam austeras, logo lhe surge a ideia
infeliz, a suspeita tormentosa, de que se referem à sua pessoa, que comentam
negativamente o seu comportamento, ou invejosas, inferiores, comprazem-se em
persegui-lo e malsinar as suas horas. Tal conduta patológica torna-se um cruel
verdugo para o paciente, que se afasta do meio social, sentindo-se rejeitado,
de alguma forma detendo-se em conflito persecutório ou de ambição exagerada de
grandeza, através de raciocínios lógicos, tombando num quadro paranoico. Nesse
estado torna-se refratário a qualquer ajuda, em se considerando bem, sem
apresentar necessidade de alguma espécie, ao que sobrepõe o ego doentio, que se
supõe superior. O ser humano é essencialmente sua conduta pregressa. Em cada
etapa existencial adquire compromissos que se transformam em asas de libertação
ou algemas vigorosas, passando a sofrer as consequências que se transferem de
uma para outra existência física, do que lhe decorrem inevitáveis efeitos morais.
Ninguém, portanto, no grande périplo da evolução, que possa atravessar o
processo de crescimento evadindo-se das responsabilidades estatuídas pelos
Supremos Códigos e impressas na Lei natural, vigente em toda parte, que é o
amor. Toda e qualquer agressão a essa realidade transforma-se em contingente
aflitivo, que atormenta até romper o elo retentor. Por outro lado, todas as conquistas
se transformam em mapas de elevação, apontando rumos para o Infinito e a
Plenitude. Uma análise, portanto, do ser integral, impõe a visão
reencarnacionista, propiciadora dos valores de engrandecimento, estruturando-o,
fortalecendo-o. Recupera em uma etapa o que perdeu na anterior, não
necessariamente na última experiência, senão naquela que permanece como peso na
economia da evolução, aguardando ressarcimento. Está, portanto, no passado do
Espírito, próximo ou remoto, a causa de qualquer transtorno psicológico,
psíquico e orgânico, por constituir alicerce profundo do inconsciente, no qual
se apoiam as novas conquistas e surgem os comportamentos decorrentes. A
psicoterapia desempenha um papel relevante ao lado dos portadores de suspeitas
infundadas, auxiliando-os no autodescobrimento e na valorização da sua
realidade, não das supostas qualidades que não existem, assim como das
acusações que supõem lhes são feitas, e totalmente destituídas de funda- mento.
Nesse contubérnio de inquietação, mentes desassociadas do corpo, que deambulam
no Mundo Causal, utilizam-se do conflito e passam a obsidiar o paciente,
enviando-lhe mensagens telepáticas mais infelizes, que se tornam uma forma de auto
pensamento, tão frequentes e contínuas se lhes fazem que deem surgimento a
processos alienantes muito graves e de consequências imprevisíveis. Eis porque
o Evangelho desempenha um papel fundamental como terapêutica em processos de
tal envergadura como noutros, auxiliando o paciente a libertar-se das
suspeições atordoantes e avassaladoras. Sob tal orientação, o da saúde
espiritual surge às possibilidades de praxiterapias valiosas, que se sustentam
na ação do bem ao próximo, na caridade para com ele, resultando em caridade
para com a pessoa mesma. Lentamente se vão instalando novos raciocínios, visão
mais dilatada da realidade que se apresenta e a recuperação do distúrbio
fazem-se com segurança, propiciando equilíbrio e bem-estar.
48 SÍNDROME DE PÂNICO - Em 1980
foi estabelecido como sendo uma entidade específica, diferente de outros
transtornos de ansiedade, aquele que passou a ser denominado como síndrome de
pânico, ou melhor elucidando, como transtorno de pânico, em razão de suas
características serem diferentes dos conhecidos distúrbios. A designação tem
origem no deus Pan, da Mitologia grega, caracterizado pela sua fealdade e forma
grotesca, parte homem, parte cabra, e que se com- prazia em assustar as pessoas
que se acercavam do seu habitat, nas montanhas da Arcádia, provocando-lhes o
medo. Durante muito tempo, esse distúrbio foi designado indevidamente como
ansiedade, síndrome de despersonalização, ansiedade de separação, hipocondria,
histeria, depressão atípica, agora fobia, até ser estudado devidamente por
Sigmund Freud, ao descrever uma crise típica de pânico em uma jovem nos Alpes
Suíços. Anteriormente, durante a guerra franco-austríaca de 1871, o Dr. Marion
Da Costa examinou pacientes que voltavam do campo de batalha apresentando
terríveis comportamentos psicológicos, com crises de ansiedade, insegurança,
medo, diarreia, vertigens e ataques, entre outros sintomas, e que foram
denominados como coração irritável, por fim tornando- se conhecido como
Síndrome de Da Costa, pela valiosa contribuição que ele ofereceu ao seu estudo
e terapia. A síndrome de pânico pode ocorrer de um para outro momento e atinge
qualquer indivíduo, particularmente entre os 10 a 40 anos de idade, alcançando,
na atualidade, expressivo índice de vítimas, que oscilam entre 1% e 2% da
população em geral. Na atualidade apresenta-se com alta incidência, levando
grande número de pacientes a aflições inomináveis. Existem fatores que
desencadeiam, agravam ou atenuam essa ocorrência e podem ser catalogados como
físicos e psicológicos. Já não se pode mais considerar como responsável pelos
distúrbios mentais e psicológicos uma causa unívoca, porém, uma série de
fatores predisponentes como ambientais, especialmente no de pânico. Entre os
primeiros se destacam os da hereditariedade, que se responsabilizam pela
fragilidade psíquica e pela ansiedade de separação. Tais fatores genéticos
facultam o desencadear da predisposição biológica para a instalação do
distúrbio de pânico. Por outro lado, os conflitos infantis, geradores de
insegurança e ansiedade, facultam o campo hábil para a instalação do pânico,
quando se dá qualquer ocorrência direta ou indireta, que se responsabiliza pelo
desencadeamento da crise. Acredita-se que a responsabilidade básica esteja no
excesso de serotonina sobre o Sistema Nervoso Central, podendo ser controlada a
crise mediante aplicação de drogas específicas tais clonazepam, não obstante
ainda seja desconhecido o efeito produzido em relação a esse neuro-receptor. O
surto ou crise é de efeitos alarmantes, por transmitir uma sensação de morte,
gerando pavor e desespero, que não cedem facilmente. A utilização de palavras
gentis, os cuidados verbais e emocionais com o paciente não operam o resultado
desejado, em razão da disfunção orgânica, que faculta a instalação da
ocorrência, embora contribuam para fortalecer no enfermo a esperança de
recuperação e poder trabalhar-se o psiquismo de forma positiva, que minora a
sucessão dos episódios devastadores. Não raro, o paciente, desestruturado
emocionalmente e vitimado pela sucessão das crises, pode desenvolver um estado
profundo de agora fobia ou derrapar em alcoolismo, toxicomania, como evasões do
problema, que mais o agravam, sem dúvida. É uma doença que se instala com mais frequência
na mulher, embora ocorra também no homem, e não se trata de um problema
exclusivamente con- temporâneo, resultado do estresse dos dias atuais, em razão
de ser conhecida desde a Grécia antiga, havendo sido, isto sim, melhor
identificada mais recentemente, podendo ser curada com cuidadoso tratamento
psiquiátrico ou psicológico, desde que o paciente se lhe submeta com tranquilidade
e sem a pressa que costuma acompanhar alguns processos de recuperação da saúde
mental. O distúrbio de pânico encontra-se enraizado no ser que desconsiderou as
Soberanas Leis e se reencarna com predisposição fisiológica, imprimindo nos
gens a necessidade da reparação dos delitos transatos que permaneceram sem
justa retificação, porque desconhecidos da Justiça humana, jamais, porém, da
divina e da própria consciência do infrator. Por isso mesmo, o portador de
distúrbio de pânico não transfere por hereditariedade necessariamente a predisposição
aos seus descendentes, podendo, ele próprio não ter antecessor nos familiares
com essa disfunção explícita. Indispensável esclarecer que, embora a gravidade
da crise, o distúrbio de pânico não leva o paciente à desencarnação, apesar de
dar-lhe essa estranha e dolorosa sensação.
49. SEDE DE VINGANÇA - O
comportamento paranoico gera uma gama de aflições perturbadoras de grande
densidade, alienando o paciente que perde relativamente o contato com a
realidade objetiva. Deambulando pelos dédalos da insensatez, sente-se acuado
pelos conflitos, que transfere de responsabilidade, sempre acusando as demais
pessoas de o não entenderem e o perseguirem, empurrando-o para o in- sucesso, a
infelicidade... Afastando-se do conjunto social elabora mecanismos de desforço
como fenômeno de auto-realização, engendrando formas de constatar a
superioridade mediante a queda daquele que é considerado seu opositor. Nesse
estado de inquietação engendra formas de análise inadequada em torno da conduta
alheia, derrapando em maledicências, em exageros de in- formações que não
correspondem à realidade, culminando em calúnias, que possam caracterizar
imperfeição do seu opositor, situando-o em plano de inferioridade. Dessa forma,
quando o outro, o inimigo, experimenta qualquer dessas, tormento ou provação, o
enfermo que se lhe opõe experimenta uma alegria íntima muito grande como
compensação da inferioridade na qual estagia. Esse tormento faz-se tão cruel
que, não raro, o paciente torna-se algoz inclemente daquele que se lhe torna vítima.
Na raiz desse como de outros transtornos da personalidade encontram-se o
egoísmo exacerbado e o orgulho, que são os cânceres morais encarregados de
desorganizar o ser humano, tornando-o revel. A mente, concentrada no conteúdo
da mensagem que elabora, termina por influenciar os neurônios que lhe sofrem a
indução psíquica e passam a produzir substâncias equivalentes à qualidade de
onda, dando curso ao bem-estar ou aos conflitos perturbadores. Quando essa
indução é mais demorada e produz agravantes de efeitos danosos, transfere-se de
uma para outra existência, imprimindo nos tecidos sutis do perispírito os
prejuízos causados, que remanescem como provas ou expiações que assinalam
profundamente o ser espiritual. Face a essa razão, são impressas nos componentes
genéticos as necessidades de reparação, assinalando o Espírito com os
distúrbios a que deu lugar a sua conduta desastrosa. A sede de vingança é
lamentável conduta espiritual que termina por afligir aquele que a vitaliza
interiormente. Cabe ao indivíduo envidar todos os esforços para vencer esse
sentimento inferior, que lhe constitui motivo de demoradas angústias, porqüanto
é impossível desfrutar da infelicidade alheia, alegrando-se quando outrem
sofre. A aparente alegria, resultado da satisfação por sentir-se vingado, logo
se transforma em profunda frustração, por desaparecer-lhe o motivo existencial.
A vida tem definidas metas que constituem motivação para a sua experiência.
Quando desaparecem, o sentido existencial emurchece, se instalam as distonias, e
transtornos especiais tomam lugar na área do equilíbrio. Cabe ao infrator
desenvolver a coragem para entender que o problema não procede do exterior, de
outra pessoa, porém, dele mesmo, em razão dos seus conflitos, da sua limitada
percepção de consciência, em razão do trânsito em faixas primárias do
conhecimento. Todavia, resolvendo-se por adquirir a saúde emocional, cumpre-lhe
esforçar-se por reverter a situação, domando as más inclinações, dentre as
quais se destaca a sede de vingança. Lentamente, porém, com segurança, o amor
abre-lhe perspectivas dantes não imaginadas, que se vão ampliando até conseguir
a perfeita compreensão da luta que deve travar em seu mundo íntimo, a fim de auto
superar-se e encontrar a felicidade. Todo o esforço de educação pessoal em
superar as más inclinações constitui terapia valiosa para a saúde integral.
Ninguém há que se considere sem necessidade dessa avaliação pessoal e do consequente
esforço para consegui-la.
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