SOBRE NÓS :

VISÃO: Ser uma Instituição voltada para a excelência nos estudos da Doutrina Espírita, visando com isso atender, de uma forma humanitária, a todos que necessitem.

MISSÃO: Exercer o que preconiza a Doutrina Espírita, visando auxiliar na mudança individual do ser, como também, do coletivo.

Redirecionamento

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

DOUTRINÁRIA DE HOJE (23/02 - QUINTA-FEIRA - 20:00): "TECNOLOGIA E PSICONÁUTICA" DO LIVRO REFLEXÕES ESPÍRITAS PELO ESPÍRITO DO SR. VIANNA DE CARVALHO – PALESTRANTE: DILSON MOURA

A adoção de uma filosofia existencial sem nenhum suporte espiritualista responde por inúmeros desatinos humanos.

Queira-se ou não, cada pessoa possui, consciente ou inconscientemente, um comportamento filosófico que se expressa no seu modo de ser, de viver, nos interesses aos quais se subordina, nas aspirações que persegue, nas reações que expressa.

Mesmo quem se diga entregue à indiferença pelo que lhe aconteça, assume uma corrente ideológica que lhe caracteriza a posição pensante.

Imediatistas-utilitaristas, reacionários-dialéticos, pessimistas, negadores por sistema ou por acomodação, cepticistas, cínicos, gozadores, padecem de hipertrofia do sentimento, caminhando sem dar-se conta ou propositadamente para a alienação ou para o suicídio, por não encontrarem as finalidades básicas e enobrecedoras da vida, que lhes pesa como um fardo desagradável, esmagador...

O Espiritualismo é a fonte do ideal no qual se haurem valores e recursos para uma existência feliz, oferecendo metas para as lutas adquirirem sentido e os acontecimentos subordinarem-se às lógicas confortadoras, que estruturam as resistências morais do homem para os inevitáveis enfrentamentos da evolução de que não se pode eximir.

Situar, no corpo, o mecanismo e o fatalismo da vida é uma forma de miopia psíquica, impeditiva da visão legítima do processo transcendente que a todos comanda, impelindo-nos para os altiplanos da realidade insuperável.

A vida física, não obstante os tesouros da inteligência e do sentimento, e por isto mesmo, se não obedecesse a uma programação que antecede ao berço e que prossegue além do túmulo, seria destituída de sentido e de significado.

Este breve espaço de tempo entre o começo e o fim do corpo, na dimensão da eternidade, não seria mais do que uma aberração cósmica, gerando o discernimento e a emoção, no formidando laboratório da natureza, mediante leis absurdas do acaso para, de imediato, a tudo aniquilar, reduzindo ao caos dos princípios.

Colocação dessa natureza atenta contra a inteligência, que sabe procederem os efeitos de causas equivalentes, não podendo o caos gerar a ordem, nem o acaso o equilíbrio matemático e harmônico das galáxias, como das moléculas que constituem as formas vivas em complexos mecanismos, ou as aglutinações inanimadas que se subordinam a transformações e mutações numa escala de, até este momento, impenetráveis combinações...

O movimento puisante do Universo, ínsito em todas as expressões vibratórias, resulta de um poder pensante que o elaborou através de perfeita programação, com finalidade adrede estabelecida.

Atavicamente, porém, amarrado à aceitação ou negativa do componente espiritual — fator precípuo da organização humana — o homem não se permitiu incursionar pelos labirintos internos da personalidade, do próprio ser, de modo a desvendar-se encontrando os fundamentos psíquicos estruturais, nos quais se apóia a forma física.

Por necessidades imediatas pôs-se a excursionar, descuidado do mundo íntimo, esquecido dos valores éticos, que lhe interessavam quando legalmente aplicados, sem o componente sentido moral que os vitaliza. Como consequência, conquistou terras, apossou-se de recursos transitórios, venceu óbices climatéricos e geológicos, escravizou pessoas, mas não se conquistou a si mesmo.

Lentamente venceu as distâncias físicas—emocionalmente longe de si próprio e do seu próximo — encurtou os espaços, saiu da Terra, deambulou pela Lua e retomou, esvaziado de sentido e significado para a vida...

O ônibus espacial Colúmbia volveu à Terra sob aplausos que, no entanto, não abafaram o pranto dos órfãos e das viúvas de guerra, dos mutilados  nem dos doentes, dos alienados ou dos famintos, nem os astronautas encontraram o equilíbrio entre os violentos, os delin- quentes, os necessitados, os discriminados, os infelizes... Sofisticados computadores de precisão os trouxeram de volta ao campo terreno, quase sem perigo e com alto índice de segurança—que já não se conseguem ffuir nas mas das cidades, nas sociedades ou nos lares, cada dia transformados em fortalezas para se impedirem assaltos, agressões, latrocínios...

Muitas conquistas e poucas realizações libertadoras, são o saldo destes dias.

O homem prossegue, entretanto, na condição de enigma que necessita ser desvendado.

A chave, todavia, para decifrá-lo, está nele mesmo no seu mundo íntimo, aguardando-o, quando, cansado das excursões, encorajese a proceder à inevitável viagem interna, ao aprofundamento interior.

A Ciência Nuclear, através das eminentes autoridades que investigam a matéria, reconhece que a mesma é apenas “ uma pequena porção da realidade” no campo imenso da energia ainda indevassada, sendo, o visível, modesta condensação reveladora do invisível.

Os logros da Ciência e da Tecnologia que, aparentemente, negaram a alma e a vida espiritual, quando, em verdade apenas desmitificaram os enxertos e superstições que as encobriam, foram, atualmente, a partir de Hertz com o descobrimento das oscilações eletromagnéticas, de Crookes com a matéria radiante, de Rõntgen com os raios de natureza desconhecida, alcançando, em largos passos, a declaração de Einstein a respeito das imensas energias contidas pela matéria, e trazendo o pensamento de volta ao espírito, embora sob outras denominações.

Os milagres técnicos superam os sonhos da ciência- fícção, sem resolverem os dramas da emoção humana.

Ao lado de todas essas conquistas, repentinamente, o Espiritualismo emergiu como resposta aos intrigantes problemas e questões que a mente começou a suscitar, insatisfeita com as realizações externas, que os não aclaravam satisfatoriamente.

O sentido e a finalidade da vida passam a ser o Espírito imortal.

Suporte seguro para o Espiritualismo moderno é a Doutrina Espírita, pelo empenho científico a que se afervora por demonstrar a realidade do princípio espiritual, sua origem, seu crescimento, seus labores, seu destino...

O Espiritismo é substituto das técnicas das viagens exteriores — valiosas, sem qualquer dúvida, mas não únicas — oferecendo os preciosos recursos para as conquistas imprescindíveis, as mais importantes, que se encontram através da Psiconáuiica, de que se fez pioneiro desde Allan Kardec.

Trabalhando com os mecanismos internos, a Psiconáutica utilizará os engenhos da técnica, que confirmam as incontroversas nascentes da vida, que se encontram no Mundo da energia ou realidade do espírito. A natureza é muito mais do que os singelos conceitos de espaço e tempo, matéria e casualidade, possuindo expressões independentes, que as alteram e as transformam.

Na gênese da vida, portanto, encontra-se o Espírito, e somente pelo seu conhecimento, e vivência das leis que alimentam o mundo causal-espiritual, o homem se encontrará consigo mesmo e será feliz, na experiência existencial da filosofia espírita.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

DOUTRINÁRIA DE HOJE (21/02 - TERÇA-FEIRA - 20:00): "MARCO DIVISÓRIO" DO LIVRO FLORAÇÕES EVANGÉLICAS - PELO ESPÍRITO DA SRA. JOANNA DE ÂNGELIS – PALESTRANTE: RICARDO GONÇALVES


Talvez possas evitá­-los. 

Surgem impulsionados por força descontroladas, por injunções negativas, produzindo acerbas dores de conseqüências quase sempre funestas. 

Na atualidade convulsionada por força tiranizantes que conspiram contra o equilíbrio geral, ocorrem inumeráveis e adversos, graças à densidade populacional e à expressiva soma de veículos que transitam pelas ruas do mundo, desabaladamente. 

Cada minuto as estatísticas registram expressões alarmantes de acidentados que resgatam, em agonias longas, velhos processos espirituais que os atingem, incoercível, inevitavelmente. 

Em face disso, refugia­te na oração e entrega­te às mãos sublimes do Cristo, facultando que os Seus mensageiros conduzam os teus passos com segurança e tranqüilidade pelas rotas em que tens de avançar na direção do futuro. 

Surpresas dolorosas espiam nas esquinas das ruas e se guardam nos alcouces das mentes alucinadas. 

Muitos daqueles que cruzam com os teus passos ou te provocam reações inesperadas estão ultrajados pelos Espíritos Infelizes, iguais a eles mesmos, atormentando­os, quanto atormentados se encontram. 

Não revides ante provocações, nem te estremunhes conduzindo vibrações molestas contigo. 

Raciocina crestamento tendo em vista que és valioso na economia do Planeta e que a tua vida é patrimônio de alta significação, que não deves arriscar nos jogos das frivolidades. 

O discípulo do Cristo é alguém em programa de reajustamento e renovação tropeçando com o passado culposo, que reaparece em mil apresentações conspirando contra a paz ou sugerindo reparação edificante mediante o teu esforço enobrecido. 

 

Acidentes, acidentados! 

Acidentes do trabalho quais bigorna e malho de aflições esfaceladoras, advertindo. 

Acidentes de veículos em desgovernos de equipamentos ou  desajustes emocionais dos seus condutores, ou surpresas do inesperado, gritando avisos que não podes deixar de examinar com respeito e atenção.

Acidentes nas multidões, em forma de agressão da ferocidade, da rapina, do terrorismo, da loucura de todo jaez em conúbio com a desagregação da esperança e da paz, como escarmento necessário. 

Acidentes da Natureza em maremotos e terremotos, furacões e calamidades, chamando o  homem à meditação dos substanciais quão Intransferíveis deveres de cuidar do espírito na sua oportunidade redentora, transitória, que passa célere.  

Acidentes da alma invigilante sob acúleos da insensatez e sobre pedrouços da desconsideração do patrimônio da vida carnal, nos quais, não raro, desperdiças os mais expressivos tesouros que se convertem em escassez dolorosa que conduz o desassisado às sombras do desespero tardio.

* * * 

Em Jesus encontrarás a segurança inabalável e na Sua mensagem de amor terás sempre o manancial de sustentação capaz de ajudar­te, lenindo sofrimentos da tua alma e preparando­te para o retorno, através da desencarnação, que a seu turno é acidente orgânico da máquina que se nega a prosseguir, libertando o prisioneiro, o  qual, na vida espiritual, seguirá tranqüilo e feliz ou  ficará retido na aflição desconcertante de que não se desejou desvincular.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

TEMA DA DOUTRINÁRIA DO DIA 08/02 (QUARTA-FEIRA) AS 16:00 - "EM NOSSAS TAREFAS" DO LIVRO FONTE VIVA - PALESTRANTE: ADILSON FREITAS

 “... não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes.” — Paulo. (ROMANOS, capítulo 12, versículo 16.) “Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes”
 — recomenda o apóstolo, sensatamente. Muitos aprendizes do Evangelho almejam as grandes realizações de um dia para outro... A coroa da santidade. O poder da cura... A glória do conhecimento superior... As edificações de grande alcance... Entretanto, aspirar só por si não basta à realização. Tudo, nos círculos da Natureza, obedece ao espírito de sequência. A árvore vitoriosa na colheita passou pela condição do arbusto frágil. A catarata que move poderosas turbinas é um conjunto de fios d’água no nascedouro. Imponente é o projeto para a construção de uma casa nobre, no entanto, é indispensável o serviço da picareta e da pá, do tijolo e da pedra, para que a arte e o reconforto se exprimam. Abracemos os deveres humildes com devoção ao nosso ideal de progresso e triunfo. Por mais árdua e mais simples a nossa obrigação, atendamo-la com amor. A palavra de Paulo é sábia e justa, porque, escalando com firmeza as faixas inferiores do monte, com facilidade lhe conquistamos o cimo e, aceitando de boa-vontade as tarefas pequeninas, as grandes tarefas virão espontaneamente ao nosso encontro.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

DOUTRINÁRIA DE HOJE (05/02 - DOMINGO - 16:00): "CAÍDOS" DO LIVRO JUSTIÇA DIVINA PELO ESPÍRITO DO SR. EMMANUEL – PALESTRANTE: BALBINA ARRUDA

Reunião pública de 17-2-61
1ª Parte, cap. VII, item 10
Aproxima-te dos caídos para ajudar.

Não suponhas, contudo, que eles sejam apenas os companheiros que encontras na estrada, em decúbito, vitimados de inanição ou de desalento.

Assesta as lentes do espírito e surpreenderás os que jazem prostrados, embora garantam o corpo em condição vertical, à maneira de torre inútil.

Entretanto, é preciso compreender para discernir.

Há os que caíram amando, sem saber que o afeto insensato os arrojaria nas trevas.

Há os que caíram em rijas cadeias, por ignorarem que as flores genuínas do lar costumam viver no adubo do sofrimento.

Há os que caíram auxiliando, por desconhecerem que a caridade real pede apoio à renúncia.

Há os que caíram por devotamento à dignidade, transformando a Justiça em gládio de intolerância.

Há os que caíram nos duros freios do orgulho, imaginando-se mais limpos e mais nobres que os seus irmãos.

Há os que caíram no fogo das paixões delinqüentes, ateado por eles mesmos à própria senda.

Há os que caíram nas grades do ódio, por olvidarem que o perdão é sustento da vida.

E há ainda aqueles outros que caíram na miséria da usura, como se pudessem comer o dinheiro que acumularam chorando...

Cada um deles traz a dor nos recessos da alma por elemento de correção.

Não lhes agrave, assim, o suplício moral, alargando-lhes as feridas.

Todos somos viajores nas trilhas da Terra, carregando fardos de imperfeições.

Hoje, podes estender os braços e levantar os que desfalecem.

Amanhã, porém, é novo dia de caminhada e, embora tenhamos a obrigação de orar e vigiar, nenhum de nós sabe realmente se vai cair.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

DOUTRINARIA DE HOJE (01/02 - QUARTA - 16:00) "DESPRENDIMENTO DOS BENS TERRENOS" DO EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – SR. ALLAN KARDEC - PALESTRANTE: HUMBERTO VASCONCELS

LACORDAIRE
Constantina, Argélia, 1863

Venho, meus irmãos, meus amigos, trazer-vos meu humilde auxílio, para ajudar-vos a marchar corajosamente na via de aperfeiçoamento em que entrastes. Somos devedores uns dos outros, e somente por uma união sincera e fraternal, entre os Espíritos e os encarnados, a regeneração será possível.

Vosso apego aos bens terrenos é um dos mais fortes entraves ao vosso adiantamento moral e espiritual. Em virtude desse desejo de aquisição, destruís as vossas faculdades afetivas, voltando-as inteiramente para as coisas materiais. Sede sinceros: a fortuna proporciona uma felicidade sem manchas? Quando os vossos cofres estão cheios, não há sempre um vazio em vossos corações? No fundo dessa cesta de flores, não há sempre um réptil oculto? Compreendo que um homem que conquistou a fortuna, por um trabalho constante e honrado, experimente por isso uma satisfação, aliás muito justa. Mas, desta satisfação muito natural e que Deus aprova, a um apego que absorve os demais sentimentos e paralisa os impulsos do coração, há uma distância, igual e que vai da sórdida avareza à prodigalidade exagerada, dois vícios entre os quais Deus colocou a caridade, santa e salutar virtude,que ensina o rico a dar sem ostentação, para que o pobre receba sem humilhação.

Que a fortuna provenha da vossa família, ou que a tenhais ganho pelo vosso trabalho, há uma coisa que jamais deveis esquecer: é que tudo vem de Deus, e tudo a Deus retorna. Nada vos pertence na Terra, nem sequer o vosso corpo: a morte despoja dele, como de todos os bens materiais. Sois depositários e não proprietários. Não vos enganeis sobre isto. Deus vos emprestou e tereis que restituir, mas ele vos empresta sob a condição de que, pelo menos o supérfluo, reverta para aqueles que não possuem o necessário.

Um dos vossos amigos vos empresta uma soma. Por menos honesto que sejais, tereis o escrúpulo de pagá-la, e lhe ficareis agradecido. Pois bem: eis a posição de todo homem rico! Deus é o amigo celeste que lhe emprestou a riqueza, não lhe pedindo mais do que o amor e o reconhecimento, mas exigindo, por sua vez, que o rico dê aos pobres, que são também seus filhos, tanto quanto ele.

O bem que deus vos confiou excita em vossos corações uma ardente e desvairada cobiça. Já refletistes, quando vos apegais loucamente a uma fortuna perecível, e tão passageira como vós mesmos, que um dia tereis de prestar contas ao Senhor daquilo que Ele vos concedeu? Esquecei que, pela riqueza, fostes investidos na sagrada condição de ministros da caridade na Terra, para serdes os seus dispensadores inteligentes? O que sereis, pois, quando usais somente em vosso proveito o que vos foi confiado, senão depositários infiéis? Que resulta desse esquecimento voluntário dos vossos deveres? A morte inflexível, inexorável, virá rasgar o véu sob o qual vos escondeis, forçando-vos a prestar contas ao amigo que vos favoreceu, e que nesse momento reveste aos vossos olhos a toga de juiz.

É em vão que procurais iludir-vos na vida terrena, cobrindo com o nome de virtude o que freqüentemente é apenas egoísmo. É em vão que chamais economia e previdência aquilo que é simples cupidez e avareza, ou generosidade o que não passa de prodigalidade a vosso proveito. Um pai de família, por exemplo, deixando de fazer a caridade, economizará, amontoará ouro sobre ouro, e tudo isso, diz ele, para deixar a seus filhos o máximo de bens possível, evitando-lhes a queda na miséria. É bastante justo e bem paternal, convenhamos, e não se pode censurá-lo. Mas será sempre esse o único objetivo que o orienta? Não é antes, e o mais das vezes, uma desculpa para a própria consciência, a fim de justificar aos seus próprios olhos e aos olhos do mundo o seu apego pessoal aos bens terrenos? Não obstante, admito que o amor paterno seja o seu único móvel: será esse um motivo para fazê-lo esquecer dos seus irmãos perante Deus? Quando ele mesmo já vive no supérfluo, deixará os seus filhos na miséria, simplesmente por deixar-lhesum pouco menos desse supérfluo? Com isso, não estará lhes dando uma lição de egoísmo, que lhes endurecerá o coração? Não será asfixiar neles o amor do próximo? Pais e mães, estais num grande erro, se acreditais que com isso aumentais o afeto de vossos filhos por vós: ensinando-lhes a ser egoísta para com os outros, ensinai-lhes a sê-lo para vós mesmos.

Quando um homem trabalhou bastante, e com o suor do seu rosto acumulou bens, costuma dizer que o dinheiro ganho a gente sabe quanto custou: nada é mais verdadeiro. Pois bem: que esse homem, confessando conhecer todo o valor do dinheiro, faça a caridade segundo as suas posses, e terá mais mérito do que outro que, nascido na abundância, ignora as rudes fadigas do trabalho. Mas, se esse homem que recorda suas penas, seus esforços, se fizer egoísta, duro para com os pobres, será muito mais culpado que os outros. Porque, quanto mais  conhecemos por nós mesmos as dores ocultas da miséria, mais devemos interessar-nos pelo socorro aos outros.

Infelizmente, o homem de posse carrega sempre consigo outro sentimento, tão forte como o apego à fortuna: é o orgulho. Não é raro ver-se o novo rico aturdir o infeliz que lhe pede assistência, com a história dos seus trabalhos e das suas habilidades, em vez de ajudá-lo, e terminar por dizer: “Faça como eu fiz!” Segundo ele, a bondade de Deus não influiu em nada na sua fortuna; somente a ele cabe o mérito. Seu orgulho põe-lhe uma venda nos olhos e um tampão nos ouvidos. Não compreende que, com toda a sua inteligência e sua capacidade, Deus pode derrubá-lo com uma só palavra.

Esperdiçar a fortuna não é desapegar-se dos bens terrenos, é descuido e indiferença. O homem, como depositário dos bens que possui, não tem o direito de dilapidá-los ou de confiscá-los para o seu proveito. A prodigalidade não é generosidade, mas quase sempre uma forma de egoísmo. Aquele que joga ouro a mancheias na satisfação de uma fantasia, não dará um centavo para prestar um auxílio. O desapego dos bens terrenos consiste em considerar a fortuna no seu justo valor em saber servir-se dela para os outros e não apenas para si mesmo, a não sacrificar por ela os interesses da vida futura, em perdê-la sem reclamar, se aprouver a Deus retirá-la. Se, por imprevistos revezes, vos tornardes como Jó, dizei como ele: “Senhor, vós me destes, vós me tirastes; que a Vossa vontade seja feita”. Eis o verdadeiro desprendimento. Sede submissos desde logo, tendo fé naquele que, assim como vos deu e tirou, pode devolver-vos. Resisti corajosamente ao abatimento, ao desespero, que paralisaria as vossas forças. Nunca vos esqueçai, quando Deus vos desferir um golpe, que ao lado da maior prova, ele coloca sempre uma consolação. Mas pensai, sobretudo, que há bens infinitamente mais preciosos que os da Terra, e esse pensamento vos ajudará a desprender-vos deles. Quanto menos apreço damos a uma coisa, somos menos sensíveis à sua perda. O homem que se apega aos bens terrenos é como a criança que só vê o momento presente; o que se desprende é como o adulto, que conhece coisas mais importantes, porque compreende estas palavras proféticas do Salvador: meu reino não é deste mundo.

O Senhor não ordena que atiremos fora o que possuímos, para nos tornarmos mendigos voluntários, porque então nos transformaríamos numa carga para a sociedade. Agir dessa maneira seria compreender mal os desprendimentos dos bens terrenos. É um egoísmo de outra espécie, porque equivale a fugir à responsabilidade que a fortuna faz pesar sobre aquele que a possui. Deus a dá a quem lhe parece bom para administrá-la em proveito de todos. O rico tem, portanto, uma missão, que pode tornar bela e proveitosa para si mesmo. Rejeitar a fortuna, quando Deus vo-la dá, é renunciar aos benefícios do bem que se pode fazer, ao administrá-la com sabedoria. Saber passar sem ela, quando não a temos; saber empregá-la utilmente, quando a recebemos; saber sacrificá-la, quando necessário; isto é agir segundo os desígnios do Senhor. Que diga, portanto, aquele que recebe o que o mundo chama uma boa fortuna: “Meu Deus, enviastes-me um novo encargo; dai-me a força de o desempenhar segundo a vossa santa vontade!”

Eis, meus amigos, o que eu queria ensinar-vos, a respeito do desprendimento dos bens terrenos. Resumirei dizendo: aprendei a contentar-vos com pouco. Se sois pobres, não invejeis o ricos, porque a fortuna não é necessária à felicidade. Se sois ricos, não esqueçais de que os vossos bens vos foram confiados, e que deveis justificar o seu emprego, como numa prestação de contas de tutela. Não sejais depositários infiéis, fazendo-os servir à satisfação do vosso orgulho e da vossa sensualidade. Não vos julgueis no direito de dispor deles unicamente para vós, pois não os recebestes como doação, mas como empréstimo. Se não sabeis pagar, não tendes o direito de pedir, e lembrai-vos de que dar aos pobres é saldar a dívida contraída para com Deus.


*

SÃO LUIS
Paris, 1860

O princípio segundo o qual o homem é apenas o depositário da fortuna, de que Deus lhe permite gozar durante a vida, tira-lhe o direito de transmiti-la aos descendentes?           

O homem pode perfeitamente transmitir, ao morrer, os bens de que gozou durante a vida, porque a execução desse direito está sempre subordinada à vontade de Deus, que pode, quando o quiser, impedir que os descendentes venham a gozá-los. É por isso que vemos ruírem fortunas que pareciam solidamente estabelecidas. A vontade do homem, de conservar a sua fortuna na linha de sua descendência, é portanto impotente. Mas isso não lhe tira o direito de transmitir o empréstimo recebido, desde que Deus o retirará quando julgar conveniente.