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Redirecionamento

quinta-feira, 23 de julho de 2015

TEMA DA DOUTRINÁRIA DE HOJE - 23/07/2015, AS 20:00 - O FUTURO DO HOMEM, DO LIVRO: O HOMEM DO FUTURO - PALESTRANTE: Antônio José


Nona Parte - O FUTURO DO HOMEM
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A morte e seu problema

Fatalidade biológica, a morte é fenômeno habitual da vida. Na engrenagem molecular, associam-se e desagregam-se par­tículas, transformando-se através do impositivo que as cons­titui, face à finalidade específica de cada uma. Por efeito, o mesmo ocorre com o corpo, no que resulta o fenômeno co­nhecido como morte.
Desinformado quanto aos mecanismos da forma e da fun­cionalidade orgânica, desestruturado psicologicamente, o homem teme a morte, em razão do atavismo representativo do fim da vida, da consumpção do ser.
Em variadas culturas primitivas e contemporâneas, para fugir-se à realidade desta inevitável ocorrência, foram cria­dos cerimoniais e cultos religiosos que pretendem diminuir o infausto acontecimento, escamoteando-o, ao tempo em que se adorna o morto de esperança quanto à sobrevivência.
Em muitas sociedades do passado, era comum colocar-se entre os dentes dos falecidos uma moeda de ouro, para re­compensar o barqueiro encarregado de conduzi-lo à outra margem do rio da Vida. Na Grécia, particularmente, este uso se tornou normal, objetivando compensar a avareza de Ca­ronte, que ameaçava deixar vagando os não-pagantes, quan­do da travessia do rio Estige, segundo a sua Mitologia.
Modernamente, repetindo o embalsamamento em que se notabilizaram os egípcios, nas Casas dos Mortos, busca-se embelezar os defuntos para que dêem a impressão de vida e bem-estar, assim liberando os vivos dos temores e das remi­niscências amargas. Todavia, por mais se mascare a verdade, chega o momento em que todos a enfrentam sem escapismo, convidados a vivenciá-la.
A morte é um fenômeno ínsito da vida, que não pode ser desconsiderado.
Neuroses e psicoses graves se estabelecem no indivíduo em razão do medo da morte, paradoxalmente, nas expressões maníaco-depressivas, levando o paciente a suicidar-se ante o temor de a aguardar.
Numa análise psicológica profunda, o homem teme a morte, porque receia a vida. Transfere, inconscientemente, o pavor da existência física para o da destruição ou transforma­ção dos implementos que a constituem. Acostumado a eva­dir-se das responsabilidades, mediante os mecanismos des­culpistas, o inexorável acontecimento da morte se lhe torna um desafio que gostaria de não defrontar, por consciência, quiçá, de culpa, passando a detestar esse enfrentamento.
Para fugir, mergulha na embriaguez dos sentidos consu­midores e das emoções perturbadoras, abreviando o tempo pelo desgaste das energias mantenedoras do corpo físico.
O homem, acreditando-se previdente e ambicioso, aplica o tempo na preparação do futuro e na preservação do presen­te. Entretanto, poderia e deveria investir parte dele na refle­xão do fenômeno da morte, de modo a considerá-lo natural e aguardá-lo com tranqüila disposição emocional. Nem o de­sejando ou, sequer, evitando driblá-lo.
A educação que se lhe ministra desde cedo, face ao mes­mo atavismo apavorante da morte, é centrada no prazer. nas delícias do ego, nas vantagens que pode retirar do corpo, sem a correspondente análise de temporalidade e fragilidade de que se revestem. Graças a essa inadvertência espocam-lhe os conflitos, as fobias, a insegurança.
Um momento diário de análise, em torno da vida física, predispõe a criatura a projetar o pensamento para mais além do portal de cinza e de lama em que se deteriora a organiza­ção somática.
Tudo, no mundo físico, é impermanente, e tal imperma­nência pode ser vista sob duas formas: a exterior ou grossei­ra, e a interior ou sutil.
Nada é sempre igual, embora a aparência que preserva nos períodos de tempo diferentes. Por isto mesmo, tudo se encontra em incessante alteração no campo das micropartí­culas até o instante em que a forma se modifica — fase sutil de impermanência. Um objeto que se arrebenta e um corpo, ve­getal, animal e humano, que morre, passam pela fase da tran­sição exterior grosseira para uma outra estrutura, experimen­tando a morte.
A morte, todavia, não elimina o continuunz da consciên­cia, após a disjunção cadavérica.
Se, desde cedo, cria-se o hábito da meditação a respeito da consciência sobrevivente, independente do corpo, a morte perde o seu efeito tabu de aniquiladora, odienta destruidora do ideal, do ser, da vida.
O tradicional enigma do que acontece após a morte deve ser de interesse relevante para o homem que, meditando, en­contra o caminho para decifrá-lo. Deixar-se arrastar pelo pa­vor ou não lhe dar qualquer importância constituem compor­tamentos alienantes.
A curiosidade pelo desconhecido, a tendência de investi­gar os fenômenos novos são atrações para a mente perquiri­dora, que encontra recursos hábeis para os cometimentos.
A intuição da vida, o instinto de preservação da existên­cia, as experiências psíquicas do passado e para-psicológicas do presente atestam que a morte é um veículo de transferên­cia do ser energético pensante, de uma fase ou estágio vibra­tório para outro, sem expressiva alteração estrutural da sua psicologia. Assim, morre-se como se vive, com os mesmos conteúdos psicológicos que são os alicerces (inconsciência) do eu racional (consciência.)
Nesta panorâmica da vida (no corpo) e da morte (do cor­po) ressalta um fator decisivo no comportamento humano: o apego à matéria, com as conseqüentes emoções perturbado­ras e extratos do comportamento contaminados, jacentes na personalidade.
Sob um ponto de vista, a manifestação do instinto de con­servação é valiosa, por limitar os tresvarios do homem que, diante de qualquer vicissitude, apelaria para o suicídio, qual acontece com certos psicopatas. De certo modo, frenado, in­conscientemente, enfrenta os problemas e supera-os com a ação eficiente do seu esforço dirigido corretamente.
Por outro lado, os esclarecimentos religiosos, embora a multiplicidade dos seus enfoques, demonstrando que a morte é período de transição entre duas fases da vida, contribuem para demitizar o pavor do aniquilamento.
Definitivamente, as experiências psíquicas, parapsicoló­gicas e mediúnicas, provocadas ou naturais, têm trazido im­portante contribuição para eqüacionar o problema da morte, dando sentido à existência.
Conscientizando-se, o homem, da continuidade do ser pensante após as transformações do corpo através da morte da forma, alteram-se-lhe, totalmente, os conceitos sobre a vida e a sua conduta no transcurso da experiência orgânica.
De qualquer forma, reservar espaços mentais para o desa­pego das coisas, das pessoas e das posições, analisando a ine­vitabilidade da morte, que obriga o indivíduo a tudo deixar, éuma terapia saudável e necessária para um trânsito feliz pelo mundo objetivo.


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A controvertida comunicação dos Espíritos

O anseio inconsciente pela sobrevivência do ser consci­ente à morte física abre as portas da percepção psíquica, fa­cultando o devassar das sombras do além.
Já não aspira o homem sorver a água do Letes para o es­quecimento, porém sondar o que ocorre na sua outra mar­gem. E é de lá que têm vindo inesgotáveis informações, notí­cias, desafios novos, todos demonstrando a indestrutibilida­de da vida, a sua causalidade e seu finalismo inevitável.
Das civilizações antigas às modernas, desde as culturas mais primitivas até as mais bem equipadas de conhecimento e tecnologia, as tumbas descerram as suas lajes para, rom­pendo o enganoso silêncio e o falso repouso dos falecidos, apresentarem suas vozes e ações.
Por mais se dilatem os arquétipos jungianos até às suas nascentes, estratificadoras, a sobrevivência os precede, por­que foram aqueles que atravessaram a fronteira, que vieram para elucidar a ocorrência mortuária, falando sobre a imorta­lidade a que retornaram.
As suas lições ensejaram o surgimento da fé religiosa, dos cultos — mesmo os mais extravagantes — de algumas filosofias e se consubstanciaram nos desafios às modernas ciên­cias parapsicológicas, psicobiofísicas, psicotrônicas. ainda não superando a Doutrina Espírita, apresentada por Allan Kar­dec, resultado de acuradas observações e experimentos de laboratório, provando a sobrevivência do ser à sua disjunção cadavérica.
É inerente à estrutura da vida a sua indestrutibilidade, gra­ças à qual somente há transformações e nunca aniquilamen­to.
Partindo-se deste princípio de imanência, a consciência não se extingue por ocasião da desorganização cerebral. In­dependente dela, torna-a instrumento pelo qual se expressa, mas, não indispensável à sua existência.
Os fenômenos de ectoplasmia, vidência, psicofonia, psi­cografia e os mais hodiernamente estudados pela Metaciên­cia. que se utiliza de complexos aparelhos — spiricon, vidi­com — atestam a continuação e independência do Espírito àmorte do corpo.
Examinadas com cuidado inúmeras hipóteses para expli­cá-los, a única a resistir a todo cepticismo, pelos fatos que engloba, é a da imortalidade da alma com a sua conseqüente comunicabilidade.
Além dos produzidos pelo psiquismo humano, ressaltam aqueles que têm gênese nos seres de outras dimensões, que se fazem identificar de forma exaustiva e clara, não deixando outra alternativa exceto a sua realidade transcendental, de seres independentes e desencarnados.
Neste capítulo se enquadram diversas psicopatias, cujas gêneses resultam de influências espirituais mediante as quais se abre o campo das obsessões, igualmente conhecidas desde priscas eras com outras denominações. Esta influência dete­téria dos mortos sobre os vivos tem o seu reverso na que se opera graças à interferência dos anjos, dos serafins, dos santos, dos guias espirituais e familiares de inegáveis benefïci­os para a criatura humana, inclusive, na área da preservação e recuperação da saúde.
Cunhou-se, como efeito imediato, o brocardo que asseve­ra que “os mortos conduzem os vivos”, tal a ingerência que têm aqueles no comportamento destes. Eliminando-se, po­rém, o exagero, o intercâmbio psíquico e físico se dá com mais freqüência entre eles do que supõem os desinformados. E isto constitui bela página do Livro da Vida, facultando ao ser pensante a compreensão e certeza da sua eternidade, bem como ensejando atender as excelentes possibilidades de cres­cimento desalienante e a perspectiva de plenitude, fora das conturbações e dos desajustes que ocorrem no processo de seu amadurecimento psicológico e de seu autodescobrimen­to.
A transitoriedade assume a sua preponderância apenas enquanto vige a existência corporal de grande significação para estruturar a sobrevivência feliz, delineando as ativida­des futuras a ressurgirem como culpa-castigo, tranqüilida­de-prêmio, que governam e estatuem os destinos humanos.
A consciência, não se aniquilando através da morte, apri­mora-se mediante experiências extrafísicas, que lhe dilatam o campo de aquisição de recursos capazes de elucidar os enig­mas da genialidade e da demência, da lucidez e da idiotia congênitos.
Este inter-relacionamento entre o homem e os Espíritos desenvolve-lhe os sentidos extrafísicos, proporcionando-lhe um desdobramento paranormal, no qual a mediunidade lhe propicia uma vivência real nas duas esferas vibratórias onde a vida se apresenta.
Portador dessa percepção, embora habitualmente embo­tada, agiganta-se-lhe a área de sensibilidade psíquica ao edu­cá-la, como se lhe entorpece e turbam outros campos mentais, se a desconsidera ou se não dá conta da sua existência. O complexo homem é de natureza transcendental, corpo­rificando-se na forma física e dissociando-se através da mor­te, sem surgir de um para outro momento ao acaso ou desin­tegrar-se sob o capricho de uma fatalidade nefasta, destrui­dora.
A Psicologia profunda vai às raízes deste ser resgatando-o do lodo da terra e erguendo-o da lama do sepulcro, para conceder-lhe a dignidade que merece no concerto universal, como parte integrante do mesmo.
A única forma de demonstrar e confirmar a imortalidade da alma é mediante a sua comunicabilidade, o que oferece consolações e esperanças inimagináveis, por outro lado fa­cultando ao ser humano lutar com estoicismo graças à meta que o aguarda à frente, enquanto a consumpção, além de des­naturar a vida, retira-lhe todo o sentido, o significado, em razão da sua brevidade, isto sem nos referirmos aos desenla­ces precoces, aos natimortos...
A vida vem aplicando milhões de anos no seu aperfeiço­amento e complexidades, não se podendo evolar ao capricho da desoxigenação cerebral.
Com esta certeza esmaece o pavor da morte, desarticula-­se a neurose disto advinda, abrindo um leque de perspectivas positivas para o bem-estar durante a existência física, prelú­dio da espiritual para onde se ruma inexoravelmente. Os pla­nos agora já não se limitam nas balizas próximas impediti­vas, antes se dilatam encorajadores, no prosseguimento da evolução.
Deste modo, as controvérsias sobre a sobrevivência vão cedendo lugar à afirmação da vida, especialmente agora, quan­do se desdobram as terapias alternativas na área da saúde, que recorrem às memórias do passado, aos substratos da mente precedente ao corpo, mediante as quais o continuum da consciência não sofre interrupção com a morte orgânica nem sur­ge com o seu renascimento.
A vida predomina, prevalece em toda parte, sempre e vi­toriosa.


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O modelo organizador biológico

O homem é, deste modo, um conjunto de elementos que se ajustam e interpenetram, a fim de condensar-se em uma estrutura biológica, assim formado pelo Espírito — ser eterno, preexistente e sobrevivente ao corpo somático —, o perispíri­to — também chamado modelo organizador biológico, que é o “princípio intermediário, substância semimaterial que ser­ve de primeiro envoltório ao Espírito e liga a alma ao corpo. Tais, num fruto, o germe, o perisperma e a casca”(*) — e o corpo — que é o envoltório material.
Estes elementos mantêm um inter-relacionamento profun­do com os respectivos planos do Universo.
O perispírito, também denominado corpo astral, é cons­tituído de vários tipos de fluidos (energia) ou de matéria hi­perfísica, sendo o laço que une o Espírito ao corpo somático.
Multimilenarmente conhecido, atravessou a História sob denominações variadas. Hipócrates, por exemplo, chamava­o Enormon, enquanto Plotino o identificava como Corpo Aé­reo ou Ígneo. Tertuliano o indicava como Corpo Vital da Alma, Orígenes como Aura, quiçá inspirados no apóstolo Paulo que o referia como Corpo Espiritual e Corpo Incorruptível. No Vedanta ele aparece como Mano-ntaya-Kosha e no Budismo Esotérico é designado por Kainarupa. Os egípcios diziam-no Ka e o Zend Avesta aponta-o por Baodhas, a Cabala hebraica por Rouach. É o Eidôlon do Tradicionalismo grego, o mia­go dos latinos, o Khi dos chineses, o Corpo sutil e etéreo de Aristóteles... Confúcio igualmente o identificou, chamando­-o Corpo Aeriforme e Leibnitz qualificou-o de Corpo fluídi­co... As variadas épocas da Humanidade defrontaram-no e por outras denominações ele passou a ser aceito.
De importância máxima no complexo humano, é o mo­derno Modelo organizador biológico, que se encarrega de plasmar no corpo físico as necessidades morais evolutivas, através dos genes e cromossomos, pois que, indestrutível, eteriza-se e se purifica durante os processos reencarnatórios elevados.
Pode-se dizer, que ele é o esboço, o modelo, a forma em que se desenvolve o corpo físico. E na sua intimidade ener­gética que se agregam as células, que se modelam os órgãos, proporcionando-lhes o funcionamento. Nele se expressam as manifestações da vida, durante o corpo físico e depois, por facultar o intercâmbio de natureza espiritual. É o condutor da energia que estabelece a duração da vida física, bem como e responsável pela memória das existências passadas que ar­quiva nas telas sutis do inconsciente atual, facultando lampe­jos ou recordações esporádicas das existências já vividas.
O filósofo escocês Woodsworth estudando-o, disse que éo Mediador plástico “através do qual passa a torrente de ma­téria fluente que destrói e reconstrói incessantemente o orga­nismo vivo.”
Na sua estrutura de energia se localizam os distúrbios nervosos, que se transferem para o campo biológico e que procedem dos compromissos negativos das reencarnações passadas.
Igualmente ele responde pelas doenças congênitas, em razão das distonias morais que conduz de uma para outra vida. Por isso mesmo, trata-se de um organismo vivo e pul­sante, sendo constituído por trilhões de corpos unicelulares rarefeitos, muito sensíveis, que imprimem nas suas intrinca­das peças as atividades morais do Espírito, assinalando-as nos órgãos correspondentes quando das futuras reencarna­ções.
Veículo sutil e organizador, é o encarregado de fixar no organismo os traumas emocionais como as aspirações da be­leza, da arte, da cultura, plasmando nos sentimentos as ten­dências e as possibilidades de realizá-las.
Graças à sua interpenetração nas moléculas que constitu­em o corpo, exterioriza, através deste, os fenômenos emocio­nais — carmas —, positivos ou não, que procedem do passado do indivíduo e se impõem como mecanismos necessários àevolução.
Comandado pelo Espírito mediante automatismos nas fai­xas menos evoluídas da Vida, pode ser dirigido consciente-mente, desde que se encontre liberado dos impositivos dos resgates dolorosos, no processo da aprendizagem compulsó­ria.
Quanto mais o homem se espiritualiza, domando as más inclinações e canalizando as forças para as aspirações de eno­brecimento e sublimação, mais sutis são as suas possibilida­des plasmadoras, dando gênese a corpos sadios, emocional e moralmente, em razão do agente causal estar liberado das aflições e limites purificadores.
O amadurecimento psicológico proporciona ao indivíduo utilizar-se das aquisições morais, mentais e culturais para estimular-lhe os núcleos fomentadores de vida, alterando sem­pre para melhor a própria estrutura física e psíquica pelo irra­diar de energias saudáveis, reconstruindo o organismo e uti­lizando-o com sabedoria para fruir da paz e da alegria de vi­ver.


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A reencarnação

Destituída de finalidade seria a vida que se diluísse na tumba, como efeito do fenômeno da morte. Diante de todas as transformações que se operam nos campos da realidade objetiva, como das alterações que se processam na área da energia, seria utópico pensar-se que a fatalidade do existir é o aniquilamento. Embora as disjunções moleculares e as mo­dificações na forma, tudo se apresenta em contínuo vir-a-ser, num intérmino desintegrar-se — reintegrando-se —, que ofere­ce, à Vida, um sentido de eternidade, além e antes do tempo, conforme as limitadas dimensões que lhe conferimos.
Nesse sentido, especificamente, o complexo humano apre­senta-se através de faixas de movimentação instável, qual ocorre com o corpo; em mecanismos de sutilização, o peris­pírito; e de aprimoramento, quando se trata do Espírito, este último, aliás, inquestionavelmente imortal.
A aquisição da consciência é o resultado de um processo incessante, através do qual o psiquismo se agiganta desde o sono, na força aglutinadora das moléculas, no mineral; à sensibilidade, no vegetal; ao instinto, no animal; e à inteligên­cia, à razão, no homem. Nesta jornada automática, funcio­nam as inapeláveis Leis da Evolução, em a Natureza, deflu­entes da Criação.
Chegando ao patamar humano, esse psiquismo, de início rudimentarmente pensante, atravessa inúmeras experiências pessoais, que o tornam herdeiro de si mesmo, em um encade­amento de aprendizagens pelo mergulho no corpo e abando­no dele, toda vez que se rompam os liames que retêm a indi­vidualidade.
Este processo de renascimentos, que os gregos denomi­navam de palingenésico, constitui um avançado sistema de crescimento intelecto-moral, fomentador da felicidade.
       Graças a ele, a existência humana se reveste de dignidade e de relevantes objetivos que não podem ser interrompidos. Toda vez que surge um impedimento, que se opera um trans­torno ou sucede uma aparente cessação, a oportunidade res­surge e o recomeço se estabelece, facultando ao aprendiz o crescimento que parecia terminado.
Face a este mecanismo, os fenômenos psicológicos apre­sentam-se em encadeamentos naturais, e elucidam-se inume­ráveis patologias psíquicas e físicas, distúrbios de comporta­mento, diferenças emocionais, intelectuais e variados acon­tecimentos, nas áreas sociológica, econômica, antropológi­ca, ética, etc.
O processamento da aquisição intelectual faz-se ao largo das experiências de aprendizagem, mediante as quais o Eu consciente adiciona conteúdos culturais, ao mesmo tempo que desenvolve as aptidões jacentes, para as diversas categorias da técnica, da arte, da ética, num incessante aprimoramento de valores.
A anterioridade do Espírito ao corpo, brinda-lhe maior soma de conhecimentos do que os apresentados pelos princi­piantes no desiderato físico.
A genialidade de que uns indivíduos são portadores, em detrimento dos limites que se fazem presentes em outros se­res do mesmo gene, demonstra que os psiquismos aí expres­sos diferem em capacidade e lucidez.
Embora herdeiro dos caracteres da raça — aparência, mor­fologia, cabelos, olhos, etc. —, os valores psicológicos, inte­lecto-morais não são transmissíveis pelos genes e cromosso­mos, antes, são atributos da individualidade eterna, que trans­fere de uma para outra existência corporal o somatório das suas conquistas salutares ou perturbadoras.
Não há como negar-se a influência genética na evolução do ser, os impositivos do meio, dos costumes e dos hábitos, entretanto, impende observar que o corpo reproduz o corpo, não a mente, a consciência, que só o Espírito exterioriza.
A introdução do conceito reencarnacionista na Psicolo­gia dá-lhe dimensão invulgar, esclarecimento das dificulda­des na argumentação em torno do Inconsciente, dos arquéti­pos, individual e coletivo, estudando o homem em toda a sua complexidade profunda e, mediante a identificação do seu passado, facultando-lhe o descobrimento e utilização das suas possibilidades, do seu vir-a-ser.
Nos alicerces do Inconsciente profundo encontram-se os extratos das memórias pretéritas, ditando comportamentos atuais, que somente uma análise regressiva consegue detec­tar, eliminando os conteúdos perturbadores, que respondem por várias alienações mentais.
No capítulo dos impulsos e compulsões psicológicas, o passado espiritual exerce uma predominância irrefreável, que leva aos grandes rasgos do devotamento e da abnegação, quan­to à delinqüência, à agressividade, à multiplicidade de perso­nificações parasitárias, mesmo excluindo-se a hipótese das obsessões.
Na imensa panorâmica dos distúrbios mentais, especial­mente nas esquizofrenias, destacam-se as interferências cons­tritoras dos desencarnados que se estribam nas leis da co­brança pessoal, certamente injustificáveis, para desforçar-se dos sofrimentos que lhes foram anteriormente infligidos, em outras existências, pelas vítimas atuais.
Diante das ocorrências do déjà-vu, os remanescentes re­encarnacionistas estabelecem parâmetros sutis de lembran­ças que retornam à consciência atual como lampejos e cli­chês de evocações, ressumando dos conteúdos da inconsci­ência — ou da memória extracerebral, do perispírito — ofere­cendo possibilidades de identificação de pessoas, aconteci­mentos, lugares e narrativas já vividos, já conhecidos, antes experimentados... Desfilam, então, os fenômenos psicológi­cos das simpatias e das antipatias, dos amores alucinantes e dos ódios devoradores, que ressurgem dos arquivos da me­mória anterior ante o estímulo externo de qualquer natureza, que os desencadeiam, tais: um encontro ou reencontro; uma associação de idéias — a atual revelando a passada — uma dis­sensão ou um diálogo; qualquer elemento que constitua pon­te de ligação entre o hoje e o ontem.
Excetuando-se os conflitos que têm sua psicogênese na vida atual, a expressiva maioria deles procede das jornadas infelizes do ser eterno, herdeiro de si mesmo, que transfere as fobias, insatisfações, consciência de culpa, complexos, dramas pessoais, de uma para outra reencarnação através de automatismos psicológicos, responsáveis pelo equilíbrio das Leis que governam a Vida.
Diante de tais acontecimentos, considerando-se os fenô­menos místicos, as ocorrências paranormais. os êxtases natu­rais e os provocados, aos quais a Psicologia organicista dava gêneses patológicas, nasceu, mais ou menos recentemente, a denominada quarta força em Psicologia — sucedendo (ou completando) o Behaviorismo, a Psicanálise e a Psicologia Humanista —, que é a Escola Transpessoal. Entretanto, já no começo do século, Burcke, desejando enquadrar em uma só denominação estes e outros eventos psicológicos, cunhou o conceito de consciência cósmico, a fim de os situar em um só capítulo, tornando-se, de alguma forma, pioneiro, na área da Psicologia Transpessoal, que abrange, entre outras, as per­cepções extra-sensoriais, além da área da consciência.
Nesta conceituação, a morte é fenômeno biológico a trans­ferir o ser de uma para outra realidade, sem consumpção da vida.
O ser humano, diante da visão nova e transpessoal, deixa de ser a massa, apenas celular, para tornar-se um complexo com predominância do princípio eterno. A decisiva contri­buição dos seus pioneiros, entre os quais, Maslow, Assagioli — com a sua Psicossíntese —, Sutich, Wilber, Grof e outros, oferece excelentes recursos para a psicoterapia, liberando a maioria dos pacientes dos seus conflitos e problemas que de­sestruturam a personalidade.
Neste admirável amálgama da integração dos mais im­portantes Insights das Doutrinas psicológicas do Ocidente com as Tradições Esotéricas do Oriente, agiganta-se o Espiritis­mo, pioneiro de uma Psicologia Espiritualista dedicada ao conhecimento do homem integral, na sua valiosa complexi­dade — Espírito, perispírito e matéria — ampliando os hori­zontes da vida orgânica, a se desdobrarem além do túmulo e antes do corpo, com infinitas possibilidades de progresso, no rumo da perfeição.



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