SOBRE NÓS :

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MISSÃO: Exercer o que preconiza a Doutrina Espírita, visando auxiliar na mudança individual do ser, como também, do coletivo.

Redirecionamento

quarta-feira, 22 de abril de 2015

TEMA DA DOUTRINÁRIA DE AMANHÃ, QUINTA FEIRA, DIA 23/04/2015, AS 20:00 - PLENIFICAÇÃO INTERIOR, do Livro: O HOMEM INTEGRAL pelo Espírito Joanna de Angelis - PALESTRANTE: Dilson Moura


SÉTIMA PARTE
 PLENIFICAÇÃO INTERIOR


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Problemas sexuais

Herança animal predominante em a natureza humana, o instinto de reprodução da espécie exerce um papel de funda­mental importância no comportamento dos seres. Funcionan­do por impulsos orgânicos nos irracionais, expressa-se como manifestação propiciatória à fecundação nos ciclos orgâni­cos, periódicos, em ritmos equilibrados de vida.
No homem, face ao uso, que nem sempre obedece à fina­lidade precípua da perpetuação das formas, experimenta agres­sões e desvios que o desnaturam, tornando-se, o sexo, fator de desditas e problemas da mais variada expressão.
Face à sensação de prazer que lhe é inata, a fim de atrair os parceiros para a comunhão reprodutora, torna-se fonte de tormentos que delineiam o futuro da criatura.
Considerando-se a força do impulso sexual, no compor­tamento psicológico do homem, as disjunções orgânicas, a configuração anatômica e o temperamento emocional tornam-se de valor preponderante na vida, no inter-relacionamento pessoal, na atitude existencial de cada qual.
A sua carga compressiva, no entanto, transfere-se de uma para outra existência corporal, facultando um uso disciplina­do, corretor, em injunções específicas, que por falta de escla­recimento leva o indivíduo a uma ampla gama de psicopato­logias destrutivas na área da personalidade.
Com muita razão, Alice Bailey afirmava, diante dos fe­nômenos de alienação mental, que eles podem ser “... de na­tureza psicológica, hereditários por contatos coletivos e cár­micos”. Introduzia, então, o conceito cármico, na condição de fator desencadeante das enfermidades a expressar-se nas manifestações da libido, de relevante importância nos estu­dos freudianos.
O conceito, em torno do qual o homem é um animal sexu­al, peca, porém, pelo exagero.
Naturalmente, as heranças atá­vicas impõem-lhe a força do instinto sobre a razão, levando-o a estados ansiosos como depressivos. Todavia, a necessida­de do amor é-lhe superior. Por falta de uma equilibrada com­preensão da afetividade, deriva para as falazes sensações do desejo, em detrimento das compensações da emoção.
Mais difícil se apresenta um saudável relacionamento afe­tivo do que o intercurso apressado da explosão sexual, no qual o instinto se expressa, deixando, não poucas vezes, frus­tração emocional.
Passados os rápidos momentos da comu­nhão física, e já se manifestam a insatisfação, o arrependi­mento, os conflitos perturbadores...
A falta de esclarecimento, no passado, em torno das fun­ções do sexo, os mistérios e a ignorância com que o vestiram, desnaturaram-no.
A denominada revolução sexual dos últimos tempos, igualmente, ao demitizá-lo, abriu espaços de promiscuidade para os excessivos mitos do prazer, com a conseqüente des­valorização da pessoa, que se tornou objeto, instrumento de troca, indivíduo descartável, fora de qualquer consideração, respeito ou dignidade.
A sociedade contemporânea sofre, agora. os efeitos da liberação sem disciplina, através da qual a criatura vive a ser­viço do sexo, e não este para o ser inteligente, que o deve conduzir com finalidades definidas e tranqüilizadoras.
As aberrações se apresentam, neste momento, com cida­dania funcional, levando os seus pacientes a patologias gra­ves que alucinam, matam e os levam a matar-se.
A consciência deve dirigir a conduta sexual de cada indi­víduo, que lhe assumirá as conseqüências naturais.
Da mesma forma que uma educação castradora é respon­sável por inúmeros conflitos, a liberativa em excesso abre comportas para abusos injustificáveis e de lamentáveis efei­tos no psiquismo profundo.
A vida se mantém sob padrões de ordem, onde quer que se manifeste. Não há, aí, exceção para o comportamento do homem. Por esta razão, o uso indevido de qualquer função produz distúrbios, desajustes, carências, que somente a edu­cação do hábito consegue harmonizar.
Afinal, o homem não é apenas um feixe de sensações, mas, também, de emoções, que pode e deve canalizar para objetivos que o promovam, nos quais centralize os seus inte­resses, motivando-o a esforços que serão compensados pelos resultados benéficos.
Exclusão feita aos portadores de enfermidades mentais a se refletirem na conduta sexual, o pensamento é portador de insuspeitável influência, no que tange a uma salutar ou dese­quilibrada ação genésica.
o mesmo fenômeno ocorre nas mais diferentes manifes­tações da vida humana. Mediante o seu cultivo, eles se exte­riorizam no comportamento de forma equivalente.
A vida, portanto, saudável, na área do sexo, decorre da educação mental, da canalização correta das energias, da ação física pelo trabalho, pelos desportos, pelas conversações edi­ficantes que proporcionam resistência contra os derivativos, auxiliando o indivíduo na eleição de atitudes que proporcio­nam bem-estar onde quer que se encontre.
As ambições malconduzidas, toda frustração decorrente do querer e não poder realizar, dão nascimento ao conflito. O conflito, por sua vez, quando não eqüacionado pela tranqüila aceitação do fato, sobrepondo a identidade real ao ego domi­nador e insaciável, termina por gerar neuroses. Estas, susten­tadas pela insatisfação, transmudam-se em paranóia de ca­tastróficos resultados na personalidade.
Considerado na sua função real e normal, o sexo é san­tuário da vida, e não paul de intoxicação e morte.
Estimulado pelo amor, que lhe tem ascendência emocio­nal, propicia as mais altas expressões da beleza, da harmo­nia, da realização pessoal; acalma, encoraja para a vida, tor­nando-se um dínamo gerador de alegrias.
Os problemas sexuais se enraízam no espírito, que se atur­de com o desregramento que impõe ao corpo, exaurindo as glândulas genésicas e exteriorizando-se em funções incorre­tas, que se fazem psicopatologias graves, a empurrar a sua vítima para os abismos da sombra, da perversidade e do cri­me.
A liberação das distonias sexuais, mais perturbam o ser, que se transfere de uma para outra sensação com sede cres­cente, mergulhando na promiscuidade, por desrespeito e des­prezo a si mesmo e, por extensão, aos outros. A sua é uma óptica desfocada, pela qual passa a ver o mundo e as demais pessoas na condição de portadoras dos seus mesmos proble­mas, só que mascaradas ou susceptíveis de viverem aquela conduta, quando não deseja impor a sua postura especial como regra geral para a sociedade.
Sob conflito psicológico, o portador de problema sexual, ou de outra natureza, não se aceita, fugindo para outros com­portamentos dissimuladores; ou quando se conscientiza e re­solve-se por vivê-lo, assume feição chocante, agressiva, como uma forma de enfrentar os demais, de maneira antinatural, demonstrando que não o digeriu nem o assimilou.
Toda exibição oculta um conflito de timidez ou inconfor­mação, de carência ou incapacidade.
Uma terapia psicológica bem cuidada atenua o problema sexual, cabendo ao paciente fazer uma tranqüila auto-análi­se, que lhe faculte viver em harmonia com a sua realidade interna, nem sempre compatível com a sua manifestação ex­terna.
Não basta satisfazer o sexo — toda fome e sede, de mo­mento, saciadas, retornam, em ocasião própria — mas, har­monizar-se, emocionalmente, vivendo em paz de consciên­cia, embora com alguma fome perfeitamente suportável, ao invés do constante conflito da insatisfação decorrente da ima­ginação fértil, que programa prazeres contínuos e elege com­panhias impossíveis de conseguidas em qualquer faixa sexu­al que se estagie.
Ninguém se sente pleno, no mundo, acreditando-se haver logrado tudo quanto desejava.
A aspiração natural e calma para atingir um próximo pa­tamar, faz-se estímulo para o progresso do indivíduo e da sociedade.
Os problemas sexuais, por isto mesmo, devem ser enfren­tados sem hipocrisia, nem cinismo, fora de padrões estereoti­pados por falsa moralidade, tampouco levados à conta de pequeno significado. São dificuldades e, como tais, merecem consideração, tempo e ação especializada.


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Relacionamentos perturbadores

Os indivíduos de temperamento neurótico, tornam-se in­capazes de manter um relacionamento estável. Pela própria constituição psicológica, são perturbadores de afetividade obsessiva e, porque inseguros, são desconfiados, ciumentos, por conseqüência depressivos ou capazes de inesperadas ir­rupções de agressividade.
Os conflitos de que são portadores os levam a uma atitu­de isolacionista, resultado da insatisfação e constante irrita­bilidade contra tudo e todos. Crêem não merecer o amor de outrem e, se tal acontece, assumem o estranho comportamento de acreditar que os outros não lhes merecem a afeição, po­dendo traí-los ou abandoná-los na primeira oportunidade. Quando se vinculam, fazem-se absorventes, castradores, exi­gindo que os seus afetos vivam em caráter de exclusividade para eles. São, desse modo, relacionamentos perturbadores, egocêntricos.
O amor é uma conquista do espírito maduro, psicologica­mente equilibrado; usina de forças para manter os equipa­mentos emocionais em funcionamento harmônico. E uma forma de negação de si mesmo em autodoação plenificadora. Não se escora em suspeitas, nem exigências infantis; elimina o ciúme e a ambição de posse, proporcionando inefável bem-estar ao ser amado que, descomprometido com o dever de retribuição, também ama. Quando, por acaso, não correspondido, não se magoa nem se irrita, compreendendo que o seu e o objetivo de doar-se, e não de exigir. Permite a liberdade ao outro, que a si mesmo se faculta, sem carga de ansiedade ou de compulsão.
Quando estas características estão ausentes, o amor é uma palavra que veste a memória condicionada da sociedade, em torno dos desejos lúbricos, e não do real sentimento que ele representa.
Esse relacionamento perturbador faz da outra pessoa um objeto possuído, por sua vez, igualmente possuidor, gerando a desumanização de ambos.
Ao dizer-se meu amigo, minha esposa, meu filho, meu companheiro, meu dinheiro, a posse está presente e a sub­missão do possuído é manifesta sem resistência, evitando conflitos no possuidor, não obstante, em conflito aquele que se deixa possuir, até o momento da indiferença, por satura­ção, desinteresse, ou da reação, do rompimento, transforman­do-se o afeto-posse em animosidade, em ódio.
Necessária uma nova conduta e para isto a psicologia pro­funda se torna o estudo de uma nova linguagem libertadora.
A palavra é um símbolo que veste a idéia; por sua vez, formulação de pensamento, que se torna uma memória acu­mulada e retorna quando se deseja vesti-lo.
A memória da sociedade adicionou conceitos sobre o amor e o relacionamento, estabelecendo sinais que os caracterizam, sem que auscultasse as suas estruturas psicológicas despidas de símbolos.
O homem deve comprometer-se ao autodescobrimento, para ser feliz, identificando seus defeitos e suas boas quali­dades, sem autopunição, sem autojulgamento, sem autocon­denação.
Pescá-los, no mundo íntimo, e eliminar aqueles que lhe constituem motivos de conflitos, deve ser-lhe a meta... Não se sentir feliz ou desventurado, porém empenhar-se por atenuar as manifestações primitivas de agressividade e pos­se, desenvolvendo os valores que o equipem de harmonia, vivendo bem cada momento, sem projetos propiciadores de conflitos em relação ao futuro ou programas de reparação do passado.
Simplesmente deve renovar-se sempre para melhor, agin­do com correção, sem consciência de culpa, sem autocom­paixão, sem ansiedade. Viver o tempo com dimensão atem­poral, em entrega, em confiança, em paz.
Pode-se dizer que, no amor, quando alguém se identifica com a pessoa a quem supõe amar, esta, apenas, realizando um ato de prolongamento de si mesmo, portanto, amando-se, e não à outra pessoa. Esta identificação se baseia na memória do prazer e da dor, das alegrias e dos insucessos, portanto, amando o passado e as suas concessões, e não a pessoa em si, neste momento, como é. É habitual dizer-se: “— Amo, porque ela (ou ele) tem compartido da minha vida, das minhas lutas; ajudou-me, sofreu ao meu lado, etc.”
O sentimento que predomina aí é o de gratidão, e grati­dão, infelizmente, não é amor, é reconhecimento que deve retribuir, compensar, quando em verdade, o amor é só doa­ção.
Imprescindível, assim, uma nova linguagem que rompa com o atavismo, com a memória da sociedade, acumulada de símbolos, falsos uns, e inadequados outros.
Os relacionamentos humanos tornam-se, portanto, per­turbadores, desastrosos, por falta de maturidade psicológica do homem, em razão, também, dos seus conflitos, das suas obsessões e ansiedades.
Graças ao autoconhecimento ele adquire confiança, e os seus conflitos cedem lugar ao amor, que se transforma em núcleo gerador de alegria com alta carga de energia vitaliza­dora.
O amor, porém, entre duas ou mais pessoas somente será pleno, se elas estiverem no mesmo nível.
A solução, para os relacionamentos perturbadores, não éa separação, como supõem muitos.
Rompendo-se com al­guém, não pode o indivíduo crer-se livre para um outro tentame, que lhe resultaria feliz, porqüanto o problema não é a da relação em si, mas do seu estado íntimo, psicológico. Para tanto, como forma de equacionamento, só a adoção do amor com toda a sua estrutura renovadora, saudável, de plenifica­ção, consegue o êxito almejado, porqüanto, para onde ou para quem o indivíduo se transfira, conduzirá toda a sua memória social, o seu comportamento e o que é.
Desse modo, transferir-se não resolve problemas. Antes, deve solucionar-se para trasladar-se, se for o caso, depois.


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Manutenção de propósitos

O homem é um ser muito complexo. Somatório das suas experiências passadas tem, no inconsciente, um completo arquivo da raça, da cultura, das tradições que lhe influem no comportamento.
Por outro lado, a educação, os hábitos, os fenômenos psi­cológicos e fisiológicos estão a alterá-lo a cada momento.
Do acúmulo destes valores resultam-lhe as aspirações, as tendências e anseios, seus conflitos, ansiedades e realizações.
O inconsciente, como efeito, está sempre a ditar-lhe o que fazer e o que a realizar, inclinando-o numa ou noutra direção. Todavia, o mecanismo essencial da Vida impulsio­na-o para o progresso, para a evolução, mediante os progra­mas de autoburilamento, de orientação, de trabalho...
O resultado natural deste processo é uma mente confusa, buscando claridade; são problemas psicológicos, aguardan­do solução.
Torna-se-lhe imperiosa a adoção de propósitos para saber o motivo da confusão mental e entender os problemas, antes que tentar solucioná-los superficialmente, deixando em aberto novas dificuldades deles decorrentes.
A solução de agora pode satisfazê-lo por momentos, po­rém se não são entendidos, eles retornam por outro processo, permanecendo na condição de conflitos a resolver.
Para que se mantenha o propósito de entendimento de si mesmo e da Vida, faz-se necessário um percebimento inte­gral de cada fato, sem julgamento, sem compaixão, sem acu­sação.
Examiná-lo com imparcialidade, na sua condição de fato que é, com uma mente inocente, sem passado, sem futuro, apenas presente, mediante uma honesta compreensão, é a for­ma segura de o entender, portanto, de o perceber e digeri-lo convenientemente, sem dar margem a novos comprometimen­tos. Sem tal experiência se está tentando burlar a mente, qual se deseje saber por palavras o que se passa em algum lugar, sem interesse de ir-se lá, de conhecer-se pessoalmente.
Esta é uma conduta de quem somente busca informação sem inte­resse pelo conhecimento real, desde que se nega ao esforço do deslocamento até o lugar em pauta.
O entendimento de si mesmo, a fim de encontrar as raízes dos problemas, para extirpá-los, exige uma energia perma­nente, um propósito perseverante, mantidos com inteireza moral e psicológica. Em caso contrário, desejam-se apenas, informações verbais, sem mais profundas conseqüências.
Todos os problemas existentes no homem, dele mesmo procedem, das suas complexidades, da dominação do seu ego.
Normalmente, em razão do próprio passado, as tentativas de manter os propósitos de autoconhecimento, sem acumula­ção de dados especulativos, mas de real identificação de si mesmo, redundam em insucesso pela falta de perseverança, pelo desânimo diante das dificuldades do começo da empre­sa e pelo desinteresse de libertar-se dos conflitos.
O homem se queixa que o autoconhecimento exige des­pesa de energia face ao desgaste que o esforço provoca. Tal­vez não seja necessária uma luta como a que se trava em outras atividades. A manutenção dos conflitos produz muito mais consumpção de forças. Basta uma atitude de desvalori­zação dos problemas, como quem deixa cair um fardo sim­plesmente, ao invés de empenhar-se por atirá-lo fora.
A manutenção dos propósitos de renovação e de auto-aprimoramento é resultado de uma aceitação normal e de todo momento, da necessidade de autodescobrir-se, morrendo para as constrições e ansiedades, os medos e rotinas do cotidiano. Desta ação consciente, de que se impregna, o homem se ple­nifica interiormente, sem neurose ou outros quaisquer fenô­menos psicóticos, perturbadores da personalidade e da vida.


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Leis cármicas e felicidade

Nas experiências psicológicas de amadurecimento da per­sonalidade, na busca da plenitude, a incerteza é indispensá­vel, pois que ela fomenta o crescimento, o progresso, signifi­cando insatisfação pelo já conseguido.
A certeza significaria, neste sentido, a cessação de moti­vos e experiências, que são sempre renovadores, facultando a ampliação dos horizontes do ser e da vida.
Graças à incerteza, que não representa falta de fé, os erros são mais facilmente reparáveis e os êxitos mais significati­vos. Ela ajuda na libertação, pois que a presença do apego, no sentimento, gera a dor, a angústia. Este último, que funci­ona como posse algumas vezes, como sensação de segurança e proteção noutras ocasiões, desperta o medo da perda, da solidão, do abandono.
A verdadeira solidão — a mente estar livre, descompro­metida, observando sem discutir, sem julgar — é um estado de virtude — nem memória conflitante do passado, nem desespe­ro pelo futuro não delineado — geradora de energia, de cora­gem.
Normalmente, o medo da solidão é o fantasma do estar sozinho, sem ninguém a quem submeter ou a quem subme­ter-se.
A insegurança porque se está a sós assusta, como se a presença de outra pessoa pudesse evitar os fenômenos auto­máticos de transformação interna do ser — fisiológica e psico­logicamente — impedindo os acontecimentos desagradáveis ou a morte.
É necessário que o homem aprenda a viver com a sua solidão — ele que é um cosmo miniaturizado, girando sob a influência de outros sistemas à sua volta — com o seu silêncio criativo, sem tagarelice, liberando-se da consciência de cul­pa, que lhe vem do passado.
Destinado à liberdade plena, encontra-se encurralado pe­las lembranças arquivadas nos painéis do inconsciente — sua memória perispiritual — que lhe põem algemas em forma de ansiedade, de fobias, de conflitos.
Mesmo quando os fatores da vida se lhe apresentam tran­qüilizadores, evade-se do presente sob suspeitas injustificá­veis de que não merece a felicidade, refugiando-se no possí­vel surgimento de inesperados sofrimentos.
A felicidade relativa é possível e se encontra ao alcance de todos os indivíduos, desde que haja neles a aceitação dos acontecimentos conforme se apresentam. Nem exigências de sonhos fantásticos, que não se corporificam em realidade, tampouco o hábito pessimista de mesclar a luz da alegria com as sombras densas dos desajustes emocionais.
As heranças do passado espiritual ressumam em mani­festações cármicas, que devem ser enfrentadas naturalmente por fazerem parte da vida, elementos essenciais que são cons­titutivos da existência.
Como decorrência de uma vida anterior dissoluta, sur­gem os conflitos, as castrações, os tormentos atuais, da mes­ma forma, como efeito do uso adequado das funções se apresentam as bênçãos de plenificação.
As leis cármicas, que são o resultado das ações meritórias ou comprometedoras de cada indivíduo, geram, na economia evolutiva de cada um, efeitos correspondentes, estabelecen­do a ponderabilidade da Divina Justiça, presente em todos os fenômenos da Natureza e da Criação.
O fatalismo cármico da evolução é a felicidade humana, quando o ser, depurado e livre, sentir-se perfeitamente inte­grado na Consciência Cósmica.
A sua marcha, embora as aparências dissonantes de ale­gria e tristeza, de saúde e doença, está incursa no processo das conquistas que lhe cumpre realizar, passo a passo, com dignidade e com iguais condições delegadas aos seus seme­lhantes, sem protecionismos vis ou punições cerceadoras In­devidas, que formaram os arquétipos de privilégio e recusa latentes em muitos.
A resolução para ser feliz rompe as amarras de um carma negativo, face ao ensejo de conquistar mérito através das ações benéficas e construtivas, objetivando a si mesmo, o próximo e a sociedade.
Nenhum impedimento na vida à felicidade.
Uma resignação dinâmica ante o infortúnio — a naturali­dade para enfrentar o insucesso negando-se a que interfiram no estado de bem-estar íntimo, que independe de fatores ex­ternos — realiza a primeira fase do estágio feliz.
O amadurecimento psicológico, a visão correta e otimista da existência são essenciais para adquirir-se a felicidade pos­sível.
Na sofreguidão da posse, o homem supÕe que o apego às coisas, a disponibilidade de recursos, a ausência de proble­mas são os fatores básicos da felicidade e, para tanto, se em­penha com desespero.
Ao desfrutar deles, porém, dá-se conta que não se encon­tra ditoso, embora confortado, porque é no seu mundo ínti­mo, de satisfação e lucidez em torno das finalidades da vida, que estão os valores da plenitude.
As leis cármicas são a resposta para que alguns indivídu­os fruam hoje o que a outros falta, ao mesmo tempo são a esperança para aqueles que lutam e anelam, acenando-lhes a Possibilidade próxima de aquisição dos elementos que felici­tam.
Idear a felicidade sem apego e insistir para consegui-la; trabalhar as aspirações íntimas, harmonizando-as com os li­mites do equilíbrio; digerir as ocorrências desagradáveis como parte do processo; manter-se vigilante, sem tensões nem re­ceios e se dará o amadurecimento psicológico, liberativo dos carmas de insucesso, abrindo espaço para o auto-encontro, a paz plenificadora.


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